Eixos de Transformação Social

Há mais de 200 anos colhemos frutos da obra de São Marcelino Champagnat que sempre acreditou na importância da educação e do amor na vida das crianças e dos jovens.

Cientes da nossa responsabilidade social continuaremos a assumir onosso papel na melhoria das condições de vida das pessoas incidindo a nossa atuação na proteção e promoção de direitos das crianças e jovens, na inclusão social de famílias em situação de vulnerabilidade social e na promoção de igualdade de oportunidades de crianças e jovens em risco de exclusão social, acompanhando as mudanças sociais e a necessidade de atualização e inovação das nossas práticas.

É nossa convicção que uma transformação consistente e uma sociedade mais igualitária requer uma abordagem integrada e preventiva. Os eixos Estratégicos de Transformação Social identificam as áreas em que iremos concentrar esforços e energias, Educação, Solidariedade e Desenvolvimento, Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças, Jovens e suas Famílias, Cidadania e Direitos Humanos e Boa Governança e Advocacia, áreas que se complementam e reforçam mutuamente.

Sabemos também que juntos conseguimos fazer mais e melhor. Com efeito, esta nossa forma de atuação prevê a aposta em redes e parcerias diversificadas e complementares e uma atuação em áreas de incidência política, favorecendo as relações e a confiança mútua e um caminhar junto, rumo a um propósito comum. 

"A Educação é o melhor serviço que se pode prestar à sociedade, pois é a base de toda a transformação de progresso humano, tanto a nível pessoal, como a nível comunitário.” A educação é um direito essencial para o exercício de todos os direitos. A educação é um pilar fundamental para despertar consciências para as temáticas de solidariedade, equidade, justiça e inclusão. A educação é uma ferramenta que facilita a transmissão de valores de cidadania e de compreensão mais profunda do mundo interdependente em que vivemos para construção de um mundo mais justo, equitativo e solidário. Contribui para a formação de sujeitos críticos, que querem e podem fortalecer a cidadania, a partir do envolvimento com pessoas e realidades diferentes, inspirando processos de aprendizagem de reflexão-ação. Acreditamos que é esse direito que promove transformações reais de vida, desenvolve o protagonismo e constrói novas realidades familiares e comunitárias.


As nossas áreas prioritárias de ação são:

1. Reforço de Competências Profissionais dos agentes educativos
Muitos profissionais, em vários domínios, exercem as suas funções sem muitas oportunidades de atualização dos seus conhecimentos. Este facto tem um impacto direto quer nas suas vidas quer junto daqueles com quem trabalham, em particular nas áreas sociais (saúde, desenvolvimento comunitário, proteção social), nomeadamente crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

O nosso trabalho irá reforçar competências dos agentes educativos, promovendo o reforço de competências profissionais que possibilitem um melhor acolhimento e integração em equipamentos sócio-educativos da comunidade, de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, sendo esta ação
determinante para o seu sentimento de pertença e referência. Os agentes educativos poderão exercer a sua função com qualidade e de forma a obter resultados de aprendizagem e comportamentais mais salutares. 

2. Voluntariado Nacional e Internacional
O voluntariado é um exercício de participação cívica. Este pode ser exercido em vários contextos mas, independentemente da sua localização, permanece ancorado na gratuidade e na disponibilidade para o encontro com o outro, constituindo uma experiência formadora em termos pessoais e sociais.

O nosso trabalho irá apostar em novas abordagens de voluntariado jovem assente numa missão de captar, fixar e desenvolver conhecimento, de criar condições para uma juventude dinâmica, empreendedora, capaz de conceber o seu futuro com autonomia, segurança e com capacidade de intervenção e participação ativa na comunidade, nas esferas pública e privada. Alargando-se esta atividade a várias franjas etárias, deseja-se que os jovens consigam olhar a realidade encontrada e, assim, refletir sobre seu papel como agentes de mudanças no mundo e consigam ser promotores de um mundo mais fraterno, justo e solidário.

Os CTM, Campos de Trabalho E Missão ou as EAS, Experiências de Aprendizagem e Serviço são experiências predominantemente vivenciais que desenvolvem nos voluntários aprendizagens significativas, lições de vida e competências para uma vida solidária, as primeiras a nível internacional e as segundas em contexto nacional. 

Os Campos de Trabalho e Missão integram um projeto conjunto da FCH, Província Marista de Compostela e a ONG Espanhola Solidariedad, Educacion y Desarrollo (SED) que contempla a formação, envio e acompanhamento de voluntários em missão para Moçambique, Zambia, Honduras e El Salvador, intervindo nestes territórios no âmbito da Formação, Educação e Desenvolvimento Comunitário. Por conseguinte, mediante formação específica e integração em Campos de Trabalho e Missão as pessoas podem beneficiar da oportunidade de se envolver em realidades diferentes e experimentar o poder que têm de impactar a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade.

A proteção das crianças e jovens é uma preocupação constante. Importa investir nas crianças e quebrar o ciclo vicioso da desigualdade através do desenvolvimento de estratégias integradas que garantam a segurança e promovam a igualdade de oportunidades, na perspetiva do respeito, proteção e aplicação dos direitos da criança. Concentrar aintervenção nos grupos populacionais que evidenciam fragilidades mais significativas, promovendo a mudança na situação das pessoas tendo em conta os seus fatores de vulnerabilidade e as suas potencialidades.


As nossas áreas prioritárias de ação são:

1. Qualificação do Acolhimento Residencial

As crianças vêem frequentemente os seus direitos serem negligenciados ou violados. São várias as dimensões dos Direitos da Criança que importa continuar a defender, como o direito aos cuidados, à educação, à alimentação, à saúde e à proteção entre outros. A Casa da Criança de Tires viabiliza um espaço que favorece a convivência familiar e comunitária das crianças e o desenvolvimento infantil salutar com ênfase no lar, no brincar, no exercício da parentalidade e na articulação com a família de origem.

A prioridade que refere uma vida livre de violência exige a proteção das crianças e jovens contra todas as formas de violência física ou mental, dano ou sevícia, abandono ou tratamento negligente, violência doméstica, maus-tratos ou exploração, incluindo o abuso sexual, promovendo uma abordagem integrada de proteção e de respeito.

O nosso trabalho irá fomentar alternativas a modelos e dinâmicas familiares disruptivas promovendo a reabilitação física e emocional dascrianças, através do Acolhimento Residencial, com intencionalidade terapêutica.

2. Apoiar as famílias e a Parentalidade, garantindo a todas as crianças e jovens um meio familiar adequado - As famílias constituem uma unidade fundamental da sociedade e contexto essencial para o crescimento e bem-estar da criança, pelo que importa que sejam definidas estratégias para que o exercício da Parentalidade seja apoiado e bem sucedido. As famílias podem passar por diversas transformações e recomposições ao longo do seu ciclo de vida. Os contextos económicos, sociais e culturais podem gerar situações de vulnerabilidade dasfamílias. Estes fatores tornam indispensáveisuma ação integrada de apoio às famílias.

O nosso trabalho irá atender a necessidade de desenvolver competências psicossociais dos agregados familiares comcrianças e jovens, tendo por base uma intervenção multissistémica junto de famílias em situação de crise, quer mediante aconselhamento parental e acompanhamento de proximidade, quer através da dinamização de programas de capacitação estruturados à medida de grupos vulneráveis. Este modelo de intervenção visa uma maior eficácia da intervenção, intensificando a ação com vista à autonomização plena das famílias em relação aos serviços, minorando a perpetuação do legado familiar de disfuncionalidade. A proximidade com as famílias, a consistência da intervenção e o estabelecimento de uma relação com intencionalidade terapêutica assume um papel fulcral no contínuo de toda a intervenção.

Paralelamente, fortalecer as redes de suporte formal e informal, nomeadamente a comunidade escolar, com vista a uma maior equidade territorial, igualdade de oportunidades e a inclusão e coesão social do território. 

 

A Fundação Champagnat atua de modo a garantir que:

# Todas as crianças vejam o seu potencial desenvolvido, independentemente das suas circunstâncias de vida e limitações;

# O seu superior interesse superior seja prioritário em todas as ações e decisões que lhe digam respeito;

# Lhe sejam facultados os acessos a serviços básicos de modo a garantir a igualdade de oportunidades para que as crianças possam desenvolver-se plenamente;

# A sua opinião e voz sejam ouvidas e tidas em consideração em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.

A inclusão e proteção social de grupos e pessoas cuja autonomia e desenvolvimento pessoal estejam condicionados e vivam expostas a situações de maior vulnerabilidade é uma área que carece de uma resposta eficiente e eficaz. A preocupação com a igualdade de oportunidades parte do imperativo consagrado que reconhece a todas as crianças “o direito a um nível de vida suficiente, de forma a permitir o seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social”. A Educação Não Formal, Participação Cívica e a Consciência Eco Social serão abordagens transversais em todo o trabalho realizado, pois acreditamos que temos o dever de empoderar as crianças e jovens no sentido de se assumirem como cidadãos ativos.


As nossas áreas de intervenção prioritárias são:

1. A inclusão e proteção social da criança e jovens em situação de vulnerabilidade, garantindo os seus direitos e a igualdade de oportunidades protegendo grupos e pessoas cuja autonomia (física, psicológica, financeira, social) e desenvolvimento pessoal estejam condicionados e vivam expostas a situações de maior vulnerabilidade. Acreditamos no poder transformador que é estar integrado em projetos sociais que potenciam o desenvolvimento e o protagonismo infantil, juvenil e comunitário. Uma educação não formal, com foco na valorização das pessoas, na criação de vínculos, no protagonismo social, na participação da família e da comunidade e na promoção da cidadania.

O nosso trabalho irá incidir em atividades que visam criar condições individuais e coletivas (da sociedade) para garantirdireitos e promover a igualdade de oportunidades dos diferentes grupos populacionais, reforçando as suas competências pessoais e sociais. Através da Ludoteca e da Ecoludoteca iremos
operacionalizar este objetivo estratégico.

2. Dinamização de Programas de Apoio Terapêutico Especializado, com vista à garantir o bem-estar emocional e a promoção da saúde mental, no âmbito dos
PATE e dos PAP. 

3. Promoção da participação cívica e política de crianças e jovens no âmbito de uma cidadania ativa em diferentes contextos de vida

As crianças e jovens têm direito a serem ouvidas/os e a participar nas decisões que as/os afetam. Existe um défice de cultura de intervenção e participação cívica. Assim sendo, a prioridade que assumimos é no sentido de criar condições para implementar e concretizar esta diretriz e dinamizar iniciativas que promovam a participação e a intervenção cívica, promovendo competências pessoais e sociais que lhes permitam assumir a sua voz. A participação das crianças e jovens na governação democrática das escolas, bem como a educação para a cidadania e os direitos humanos concorrem para esta prioridade.

O nosso trabalho irá privilegiar a dinamização de programas intensivos a realizar junto de crianças e jovens em função das assimetrias geográficas e necessidades dos diferentes grupos, garantindo o direito à participação cívica e política, criando condições de base para uma cidadania ativa desde a primeira infância e em diferentes contextos. 

A articulação política e a criação de sinergias é uma estratégia na melhoria das condições de vida das pessoas. Seja para disseminar uma nova cultura e um comportamento relacionado com o respeito pelos direitos, seja para incidir em políticas públicas, iniciativas essas desenvolvidas em parceria com outras organizações, aumentando, assim, o seu alcance e a sua força. Esse posicionamento favorece a construção de novos conhecimentos, a troca de experiências e a sinergia entre as diversas organizações que atuam na proteção e promoção dos direitos das crianças e jovens.

Com a participação em plataformas e redes sociais que reúnem organizações com atuação em matéria de infância e juventude pretendemos contribuir para a elaboração e execução de políticas públicas que permitam que todas as crianças e jovens desfrutam dos seus direitos. Construir novos cenários para a infância e juventude é um trabalho que requer o envolvimento de ampla rede de entidades intervenientes na área social, com atuação nas mais diferentes esferas da proteção e promoção dos direitos.

As nossas áreas prioritárias de ação são:

1 . Advocacia e Influência Política em rede
Para uma advocacia e influência política com impacto, geradora de políticas mais justas e inclusivas, consideramos que é fundamental dar voz às crianças, jovens e famílias com os quais intervimos, diariamente atendendo à necessidade de construção de um futuro pleno de cidadania e de bem-estar emocional e social. A promoção dos direitos prevê iniciativas educativas, informativas ou de incidência política. Como parte do Sistema de Promoção de Direitos, pode entender-se a proteção como a realização de ações para identificar a ausência ou violação de direitos, denúncia, práticas e/ou atos de reparação. A articulação em rede e a representação em espaços que favoreçam a incidência política, a execução e o acompanhamento das políticas públicas são instrumentos para a promoção dos direitos humanos.

O nosso trabalho irá apostar nas comunidades, parceiros e redes, no sentido de procurar alternativas e novas soluções, integrando redes, plataformas, comissões e grupos de trabalho nacionais e internacionais, nomeadamente nos Conselhos Municipais, nas Comissões de Freguesia, nas Redes Sociais e outras Plataformas, espaços de concertação e de influência política no âmbito da promoção e proteção das crianças e jovens, bem como da educação formal e não-formal.

O posicionamento da FCH privilegia o estímulo ao diálogo e à articulação em rede como forma de contribuir para a consolidação de uma sociedade digna e com justiça social.